segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Momento gósmico

O que é um momento gósmico? Perguntam vocês.
Eu vou explicar. Respondo eu!


Define-se por momento gósmico o momento em que estou relaxadíssimo a meio de uma tarde de domingo veraneia, deitado em tronco nú no chão sobre o tapete de brincadeiras da Rita a ver a última etapa da Volta a Portugal em bicicleta, enquanto a pimpolha ciranda por ali a brincar com os brinquedos, a tentar raspar as pintas do Joka, a puxar o fio do computador e a exercitar a voz para o caso de um dia dar de caras com um monstro e ter que dar um grito tal que alerte o mundo inteiro para que fujam e se salvem todos, antes de ela própria se pôr ao fresco.
Até aqui é apenas um momento espontâneo, quando muito ternurento ou para os mais sensíveis, um momento fófinho. Só passa realmente a gósmico quando a Ritucha passa por cima de mim para agarrar um boneco que se encontra do outro lado e no exacto momento da travessia abre a boca e vai largando um fio de baba, quer dizer... Uma corda de baba. Vá, um cordão de bota da tropa baboso sobre a minha barriga que por tal ser a abundância, escorre quer pela direita quer pela esquerda até ás costas.
Digamos que se tinha sido uma baba laser me tinha cortado em duas metades com a precisão cirúrgica de uma espada Jedi.

Isto, meus amigos... Isto é um momento gósmico!!!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Partidas do sub-consciente


Dei comigo a fazer um "like" num video de um puto a fazer umas palhaçadas enquanto desgrenhava os cabelos e tentava perceber o porquê do pensamento:

"Ahhhh, tão fofinho..."

O que é que me está a acontecer???

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Habitat natural


Os banhos da Rita passaram agora a ter lugar na casa de banho.
Estava a tornar-se insustentável a limpeza do quarto após o banho. Parecia na realidade que um desastre natural havia feito das suas no quarto da pimpolha. A água, como uma bela cascata escorria parede abaixo afluindo para uma não menos aprazível poça de água que se formava no chão, daquelas poças de água que dá vontade de calçar umas galochas e recordar os bons velhos tempos saltando e rindo em câmara lenta até enfiar um pé numa parte mais funda que não só nos torce um tornozelo como nos encharca as calças até ao joelho.
O Joka, sempre fiel mantinha-se ao meu lado durante todo o banho aguentando valente as golfadas de água que volta e meia saltavam banheira fora, inerte como um bom soldado, excepção feita claro aos olhos que mais pareciam fazer mau contacto tal era a rapidez do seu piscar.

Agora nas "novas instalações", a Rita já pode chafurdar, espernear, rebolar, fazer ondas ou espancar o pato de borracha pois está no local apropriado. Está no seu habitat natural... Como as baleias!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Sadismo

Por tanto quanto me custe admitir a nossa mais recente descoberta, tenho a obrigação moral e social de o fazer. Uma descoberta que culmina no desfalecer de todo um plano que pormenorizado vivia na minha cabeça respeitante à educação da Rita. Uma descoberta que põe em causa todas as vezes que com toda a pompa do mundo perguntei: "Mas que raio se passa com o teu filho? Aquilo não é normal!". Uma descoberta que tal como num jogo de pinball lança num incessante ricochete em todos os cantos do meu cérebro (até em cantos que a própria neurologia desconhece) a questão: "Mas onde é que eu errei???"
Em suma, descobrimos que a Rita é sádica!


É verdade, esta semana descobrimos que a pimpolha se delícia com uma boa desgraça. Ela não resiste a um bom tropeção, uma boa engasgadela ou uma trilhadela de dedo alheio numa porta, janela ou qualquer outra peça de mobiliário . A rapariga começa a gargalhar quase até lhe faltar o ar. É de bradar aos céus!

O primeiro episódio desta saga ocorreu durante uma viagem de carro no momento em que o Joka ganiu quando fazia uma curva mais apertada (o carro, não o Joka). A garota começou a rir de tal maneira que demorei uns trinta segundos para perceber se estava a rir ou a chorar. Na altura pensamos ser apenas uma triste coincidência, talvez o som do latido do pobre animal lhe tivesse parecido engraçado.
Dias depois a F. ao comer entalou-se e uma vez mais a magana riu tão descontroladamente que ao olha-la só me vinham à ideia duas coisas: - O portão de uma quinta com tábua sim, tábua não, e a famosa gargalhada de Vincent Price no videoclip do Thriller.
Aqui ficamos de pulga atrás da orelha e começamos a simular situações catastróficas como espirros de uma semana, quedas de edificios altos ou a abertura de envelopes de contas como o gás ou a água. Não restam dúvidas. Em todas a Rita chumbou com distinção!

Mas vamos a ter calma pois após um estudo recente levado a cabo por mim por falta de verbas para contratar um cientista Americano, concluí que tem mais pontos positivos que negativos.
Agora come melhor. Ao invés das tradicionais palhaçadas para ela comer que, em abono da verdade nunca resultaram, fazemos simulações de duelos no velho Oeste, Urgências de Hospital ou acidentes do dia-a-dia como pontapés nas pernas da mesa, picadelas de insectos e a sua favorita, calcar cocós de cão. Não falha!
Outro ponto positivo é a facilidade com que agora lhe vemos os dentes. Até aqui era tarefa ingrata mas agora é só estalar os dedos (preferencialmente os dos pés). E assim descobrimos esta semana mais três  dentes.

Por último mas não menos importante, um dia quando a Ritinha começar a trazer namoraditos para casa, não me vou sentir tão culpado por partir as pernas aos petizes.
Quem sabe ainda damos umas valentes gargalhadas, comemos uns pistachios e bebemos umas coca-colas enquanto assistimos aos miúdos gritar e arrastarem-se moribundos pelas escadas do prédio abaixo?